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A EDUCAÇÃO INFANTIL E O ATO DE BRINCAR

Quando se fala em educação infantil, um dos primeiros questionamentos que surgem aos professores é a definição de quais estratégias pedagógicas devem ser adotadas para estimular o desenvolvimento e o aprendizado das crianças. Neste contexto elaborar um plano de ensino que integre atividades como leitura de histórias, recortes de papel, manipulação de objetos, desenhos, cantigas de rodas dentre outras, é importante também dar prioridade as brincadeiras.  Antes de entrarmos de fato ao mérito do brincar nas práticas pedagógicas, é preciso primeiro entender o que é a criança, e como ela é capaz de desenvolver suas potencialidades através dos recursos lúdicos. 
Do ponto de vista biológico a criança é um ser humano em formação, já no contexto histórico e sociológico: “A criança como todo ser humano, é um sujeito social e histórico e faz parte de uma organização familiar que está inserida em uma sociedade, com uma determinada cultura, em um determinado momento histórico. É profundamente marcada pelo meio social em que se desenvolve, mas também o marca” (RCNEI, 1998, p.21).  Dessa forma é importante que o professor, muito mais que um mediador do conhecimento, veja a criança não apenas como um aprendiz, ou a trate como adulto, mas a respeite de acordo com sua individualidade, seus valores morais, culturais, éticos e religiosos. 
Para que a relação aluno e professor, seja harmoniosa, e contribua no processo de ensino-aprendizagem o professor deve estar atento ao aluno, saber ouvir, identificar a linguagem corporal e estar aberto ao diálogo. Além desses aspectos, o professor deve ser um profissional bem qualificado, habitado para lidar com diversas áreas do conhecimento, precisa estimular a curiosidade com brincadeiras e jogos, instigar a capacidade crítica, promover o desenvolvimento, autonomia, transformação e a inclusão dentro e fora da sala de aula. O educador deve ser parceiro do aluno e propiciar situações de cuidado que visam não somente práticas assistencialistas, mas relações de afeto e atenção. “O termo cuidado é em geral utilizado quando se faz referência às funções consideradas importantes para as crianças, divididas entre as de natureza afetiva e as de ação prática, como aconchegar e responder às necessidades corporais, como alimentar e limpar”. (MONTENEGRO, 2001). 
Uma vez que adotamos ás práticas pedagogias de acordo com cada fase do desenvolvimento é preciso que saibamos identificar o que é aprendizagem e o que é o desenvolvimento na educação infantil.  PIAJET defende que o desenvolvimento está ligado a fatores biológicos internos, nas quais o ser humano desenvolve suas funções mentais, físicas e emocionais de acordo com cada etapa da vida. A aprendizagem por sua vez, está relacionada ao processo de interação da criança com fatores externos seja no convívio familiar, escola e sociedade em geral. GRUSSO e SHUARTZ afirmam que “o desenvolvimento da criança é resultado da interação de uma aprendizagem natural, mas paralelamente estimulada, que ocorre por meio da experiência adquirida”. É nesse sentido que o brincar entra como ferramenta na construção do conhecimento.
É através de brincadeiras de faz de conta, bonecas, carrinhos e jogos que a criança desenvolve sua capacidade de expressão e comunicação, psicomotricidade, seu desenvolvimento cognitivo e internaliza o conhecimento advindo da interação com o meio externo, além de propiciar a troca de afeto, ampliação do vocabulário, compartilhamento, interação e exposição das emoções. O uso de recursos lúdicos por parte do professor além de, despertar o gosto por aprender também poderá ser usado como parâmetro na hora de diagnosticar as capacidades e as dificuldades de cada aluno.  “Por meio das brincadeiras os professores podem observar e constituir uma visão dos processos de desenvolvimento das crianças em conjunto e de cada uma em particular, registrando suas capacidades de uso das linguagens, assim como de suas capacidades sociais e dos recursos afetivos e emocionais que dispõem”.  (RCNEI, 1998, p.28).  Dessa forma o uso de recursos lúdicos dentro da sala de aula se faz necessário não apenas pelo fato de promover o conhecimento, mas por ser responsável por gerar uma formação integral e globalizada na criança.


REFERÊNCIAS:
BRASIL. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. vol. I. Brasília: MEC/SEF, 1998.
GUSSO, Sandra de Fátima K.. SHUARTZ, Maria Antônia.  A criança e o lúdico: A importância do “brincar”. Disponível em: . Acesso em: 9 de abril de 2017.
MONTENEGRO, Tereza. O cuidado e a formação moral na educação infantil. São Paulo: EDUC, 2000.
PIAGET, J., INHELDER, B.. A psicologia da criança. 10. ed., Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.
Por: Luana Santana, jornalista e formanda de pedagogia.

Publicado por: Luana Santana

Comentários

  1. Nesta postagem foi possível compreender a importância da ludicidade,onde é através de brincadeiras de faz de conta, bonecas, carrinhos e jogos que a criança desenvolve sua capacidade de expressão e comunicação, psicomotricidade, seu desenvolvimento cognitivo e internaliza o conhecimento advindo da interação com o meio externo, além de propiciar a troca de afeto, ampliação do vocabulário, compartilhamento, interação e exposição das emoções. O uso da lúdicidade em sala de aula responsável por gerar uma formação integral e globalizada na criança.

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